“É impressionante ver a mudança que os Olim fazem em suas vidas”

Gustavo Gakman, diretor de aliá (imigração) da Keren Leyedidut dos países da América latina (Amlat), Espanha e Portugal, fez aliá aos 20 anos diretamente da Argentina, e passou por todas as fases desde “olê chadash” (novo cidadão) até virar “100% israelense”. Gustavo trabalha duro para fazer do processo de aliá um processo convidativo, conveniente, eficiente e simples. Sim, mesmo em tempos de corona…

Essa história começa numa casa de barro no Peru, e de alguma forma se desenrola até Tvéria (Tiberíades). É difícil esquecer a expressão no rosto da pequena Sol Brenner e de seus pais Pablo e Ana Lúcia quando o avião aterrissou na terra de Israel. Os profissionais da Keren Leyedidut, que estavam por trás da rápida e eficaz operação que os trouxe à Israel, sentiram que o impossível tinha sido feito. Poucos meses antes da doce chegada em Israel, a família vivia em condições precárias nos subúrbios de Lima. Quando eles começaram o processo de aliá (documentação e burocracia), ninguém os preparou para o fato de que uma grande inundação atingiria a sua região e sua casa seria totalmente destruída. 

“Numa noite, a família Brenner ficou basicamente sem nada”, conta Gustavo Gakman, diretor de aliá (imigração) da Keren Leyedidut dos países da América latina (Amlat), Espanha e Portugal. “O pouco que eles tinham foi destruído durante a inundação e eles ficaram sem um teto. Um dos primeiros telefonemas que o Pablo fez foi para o representante da Kren Leyedidut. Ele perguntou se era possível apressar o processo da aliá. Nós entendemos que se tratava de um caso urgente: reduzimos processos, aceleramos tudo o que podíamos e conseguimos trazê-los para Israel rapidamente”.

Ainda antes da família chegar, alugamos para eles um apartamento em Tvéria (Tiberíades), e encontramos um emprego para o Pablo, na prefeitura. “Ele começou a trabalhar. Durante um mês a Keren Leyedidut pagou o aluguel deles e já no segundo mês eles conseguiram dar conta de tudo”, continuou Gustavo, que tenta manter contato com a família de forma contínua. “Eles me ligam, me contam as novidades, que eles compraram um carro, que o Pablo foi promovido no emprego, que eles estão aprendendo o idioma, e principalmente eles repetem e repetem que conseguiram se adaptar em Israel e que se sentem em casa. Vocês precisam entender – estamos falando de pessoas que quando chegamos até eles, eles não tinham o que comer. É impressionante ver a mudança que os Olim fazem em suas vidas, e é muito gratificante saber que a Keren Leyedidut faz parte disso”.

Já fazem três anos e meio que o Gustavo, que fez aliá da Argentina aos 20 anos, é parte da Keren Leyedidut, e dá pra ver que a energia dele e a vontade de chegar em cada vez mais Olim só crece.

“Esse último ano foi louco”, ele conta. “Em anos comuns, nos países pelos quais eu sou responsável, a Keren ajuda na aliá de cerca de 600 olim. No ano da corona quase 1000 olim fizeram aliá. Nesse ano nosso principal desafio foi logístico, já que as regras passaram por várias mudanças e era difícil manter o controle de tudo. A Keren Leyedidut conseguiu reagir de forma incrível e fornecer respostas abrangentes a todas as necessidades do olê, mesmo em condições de incerteza”.

“Isso é uma das coisas bonitas da Keren: a gente coloca o olê (imigrante) no centro, cuidamos das coisas de forma eficiente e acolhedora. Durante todo o caminho era importante pra mim me certificar de que os olim entendiam que em Israel também tem corona, e que eles soubessem que não certeza tudo fluiria desde o início”.

“Todos me responderam que eles acreditam que a situação em Israel ia se recuperar bem mais rápido do que na América Latina, e que eles preferiam passar por essa situação aqui, em casa. Todos sabem que a segurança, o sistema de saúde e o sistema educacional de Israel são bem melhores do que os oferecidos na América Latina. Eles basicamente se aproveitaram do fato de o mundo inteiro ter ‘parado’ esse ano para dar o passo que eles sonhavam a anos”.

Qual a coisa mais importante para você?

“Ao meu ver a coisa mais importante é que os Olim entendam que são eles quem conduzem o processo de aliá. Eles precisam pensar alguns passos a diante, saber fazer perguntas e pedir ajuda em momentos é necessário. Tem pessoas que são mais introvertidas e sentem que o processo vai fluir sozinho, e não é bem assim. Quando um olê decide vir para Israel ele tem que ser ativo, tomar iniciativa e avançar o processo. Nós da Keren Leyedidut daremos todo o suporte necessário.”

“Pessoalmente, pra mim é importante que os judeus nas áreas sobre as quais sou responsável conheçam a Keren Leyedidut, que saibam que existe um órgão que ajuda os judeus a fazerem aliá. Depois dessa fase, acho que extrema importância dar o melhor atendimento, acompanhar todo o processo, dar resposta a todos os questionamentos, dar aos olim a sensação de que existe alguém fazendo a trajetória com eles, com muita empatia e compreensão pelas dificuldades que eles estão passando. Afinal de contas eu também fui olê chadash, eu entendo o que eles estão passando e posso aconselhar não só como um profissional, mas como alguém que já esteve onde eles estão agora”.

“Como um antigo olê chadash, eu sei que quando eles pousam em Israel a vida deles muda completamente. Para mim é importante me certificar de que desde o momento em que eles pensam em fazer aliá até o momento que eles chegam em Israel, e obviamente também durante a absorção deles no novo país – que tudo seja executado da melhor maneira para eles, que saibam e sintam que não estão sozinhos”.